sexta-feira, 17 de abril de 2009

A Supervia Crucis do brasileiro bonzinho.

Por que o espanto ?

Que os usuários de trens no Rio de Janeiro são açoitados, quase que diáriamente, por modernos capitães do mato, só não vê, quem conhece a realidade apenas, através das lentes da TV.
Eu digo por experiência própria ; uma vez levei uma cacetada de um guarda, por conta de um pé que ficou pro lado de fora da porta, por absoluta falta de espaço dentro da composição.

Ë assim que acontece :
A Supervia fornece um numero de comboios insuficiente para cobrir a malha ferroviária de passageiros da região metropolitana do RJ, e pra compensar, espalha seus trogloditas pelas estações para acomodar as pessoas na base da porrada.

Nosso país vive sob o mito do “brasileiro bonzinho “ e esquece que, intensas lutas sociais ocorridas em sua história, em momentos de emancipação das classes trabalhadoras, ou oprimidas, foram sufocadas, com selvageria, lavadas com sangue, pelas elites equivocadas, sempre cuidadosas em manter seus privilégios à qualquer preço.
Canudos, Balaiada, Inconfidência Mineira, O recente Regime Militar.
Sem esquecer que o mais abominável de todos os sistemas – escravocrata – foi abolido há pouco mais de cem anos.

Como evitar esses atavismos de truculência nas relações cotidianas dos brasileiros, resíduos de séculos de tratamento verticalizado, onde seres humanos eram proprietários de outros seres humanos ?
Ouvi gente comentando ( palavra que estou dizendo a verdade ) “tem que baixar o pau mesmo, esses crioulos são arruaceiros, abusados...”

Em primeiro lugar, não havia só afro-descendentes na estação de Madureira, nem arruaceiros.
Havia trabalhadores brancos, pretos, mulatos, cafuzos, mamelucos – como é a cara do Brasil - preocupados em bater o ponto à tempo de não serem descontados na folha, mais do que normalmente costumam ser.
Trabalhador bate ponto, e segurança da Supervia bate em trabalhador.

É verdade ; o brasileiro é bonzinho sim.
É o único povo no mundo que paga o salário de seguranças para chicoteá-lo nas estações de trem.

( Luiz Castello )

3 comentários:

  1. Oi Pessoal !
    Tenho recebido e-mails de amigo@s dizendo que não conseguem postar seus comentários.
    O que eu recomendo é o seguinte :

    1. Depois de escrever, clique na janelinha "comentar como:" verifique as opções, e em último caso, escolha postar como "anônimo".
    2. Clique em "postar comentário".
    3. Se aparecer um quadro com verificação de palavras, voces copiem.

    Esses procedimentos tem dado certo.

    Beijo fraterno do Castello.

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  2. Castelinho,
    Qué barbarie!!! hein!?
    Pra mim isso é muito forte, forte demais!...

    Com um fato desses...o que eu tenho certeza é que esse "nao é um caminho nada, nada, "bonzinho" para se peregrinar...

    "Bater? pra mim só o TAMBOR...em que siglo estamos?...
    Saudaçoes! Vero Veriño.

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  3. Si si Vero Véritas .
    O pior é que a gente acaba se acostumando com esses absurdos.
    Entramos no trem, e vamos nos apertando, que nem a famosa sardinha em lata, para fugir da truculência.
    Nosso povo é alegre, pacífico, amoroso, merece uma classe dirigente diferente dessa que brande o chicote, século-pós-século.
    Beijo fraterno do Castello.

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