quinta-feira, 20 de junho de 2013

O Gigante Acordou!





Demorô, mas acordou.

Sempre lembro do mestre Darcy Ribeiro quando se referia às classes dominantes brasileiras como sendo as mais invejadas do mundo.

Aqui, as oligarquias dirigentes podem, e fazem, absolutamente tudo que lhes der na telha, desde, promover farras particulares com recursos públicos, até alargar tomadas elétricas - passando por kits primeiros socorros, jamais usados, mas sempre vendidos aos montes - e nada, rigorosamente nada, lhes pesa sobre a cabeça.

Nunca foram enforcadas, jamais desceram a lâmina nos seus pescoços ornamentados de joias, em tempo algum enfrentaram um pelotão de fuzilamento.
Pelo contrário, alguns de seus fiéis representantes, vez em quando, são aplaudidos em estádios de futebol - vide Médici, o general-presidente mais sanguinário da ditadura militar.

Está claro que não apoio atrocidades, incluindo o vandalismo infiltrado nos atuais protestos de rua, por quem deseja desviar o foco das manifestações, apenas estranho o grau de condescendência do nosso povo em relação aos seus algozes.

Enfim, parece que os ventos mudam de direção.

O movimento irrompeu num ótimo momento. Os olhos do mundo estão voltados para o país do futebol.
Joseph Blatter e seus vorazes gafanhotos irão perceber que não somos um bando de índios prontos a dançar tão logo eles assoprem seus apitos.

O chopp dos corruptos vai descer aguado.

 

Os prefeitos recuaram, abaixaram o preço da passagem, mas nesta altura do campeonato, até o Galvão Bueno já descobriu que o buraco é mais embaixo; investimentos na saúde, educação, a luta contra a corrupção e a impunidade, estão embutidos na carteira de reivindicações.

É o despertar de um novo Brasil!


Luiz Castello.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O Diário do Paraíso.

Manchete de primeira página:
 

"JESUS CRISTO RECEBE DONA CANÔ NA SUA FESTA DE ANIVERSÁRIO".

O Divino Mestre olhou ao redor e percebeu que faltava alguém à mesa de sua santa ceia.
 

Não titubeou e mandou chamar imediatamente a mãe que reuniu tanta alegria, inspiração e beleza, no talento musical de Maria Bethania e Caetano Veloso.

Grato, dona Canô!
Que maravilha saber que a senhora é a convidada especial na festa do Divino Mestre.


Luiz Castello.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Noel Rosa

O alargamento da Avenida Central, atual Rio Branco, a derrubada do Morro do Castelo, a explosão demográfica da favela da Catacumba, na Lagoa, são alguns indicativos do inchaço da cidade do Rio de Janeiro, que recebe um empurrão na década de 30 com a política de industrialização feérica promovida por Getúlio Vargas com seu Estado Novo.

Noel atua nesta época, e o encontro do morro com o asfalto se dá no perímetro urbano, e por tabela, na música popular.
Subiu o morro, empurrado pela cidade que inflava. Seu talento o fez porta-voz dessa simbiose. Seguiu sua maravilhosa intuição, sem maiores questionamentos, daí, a presença da moral estreita em algumas de suas criações.

O fruto maduro desta transformação seria colhido na década de 60 - quando ele não se encontrava mais entre nós -, com a criação dos CPCs, onde a estética da classe média e a cultura popular se juntam pela primeira vez, de forma organizada, consciente, ins-pirada.
Surgem o Cinema Novo, o Grupo Opinião, a Bossa-Nova, que resgataria sua obra, e uma safra extraordinária de artistas na seara musical.

Noel viveu outro momento marcante, quando a indústria fonográfica firma-se como principal suporte físico da canção popular. Compõe obras-primas dentro desta nova formatação musical e contribui para sua consolidação, afinal, "tudo aquilo que o malandro pronuncia/ Com voz macia, é brasileiro/ Já passou de português".

Por seu talento excepcional, por essas vivências transformadoras da vida urbana, é que sua obra permanece atual, revisitada constantemente por artistas do quilate de um João Gilberto, e será eterna enquanto durar o que conhecemos como Música Popular Brasileira.

Luiz Castello.

Noel Rosa nasceu no dia 11/12/1910

sábado, 24 de novembro de 2012

A Oração do Músico

"Deus todo-poderoso, que nos destes a vida, os sons da natureza, o dom do ritmo, do compasso e da afinação das notas musicais, dái-nos a graça de conseguir técnica aprimorada em nossos instrumentos a fim de que possamos exteriorizar nossos sentimentos através dos sons.

Permiti, Senhor, que os sons por nós emitidos sejam capazes de acalmar nossos irmãos perturbados, de curar doentes e de animar os deprimidos, e sejam brilhantes como as estrelas e suaves como o veludo.

Permiti, Senhor, que todo ser que ouvir o som dos nossos instrumentos sinta-se bem e pressinta a vossa presença.

Amém!"





O Dia do Músico é comemorado em 22 de Novembro.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Chico Anysio


Chico Anysio - o maior humorista do Brasil, de todos os tempos - gostava e entendia de futebol. Chegou a atuar como comentarista em estações de rádio e tv. Escreveu textos retratando o velho esporte bretão, reinventado pelos brazucas. Selecionei um desses, para homenagear o gênio do humor brasileiro. ( Luiz Castello)


NOMES IMAGINATIVOS

Eu só vejo TV a cabo e além do Universal Channel - meu preferido - e do Warner Channel, minha segunda opção, eu paro nos canais esportivos, ou seja: SporTV e SporTV2, além dos dois canais ESPN. Está nos seus estertores a 39ª edição da Copa São Paulo de futebol para juniors. Jogadores entre 15 e 18 anos, o que os locutores chamam de “o futuro futebol a ser exportado”.
Eram, inicialmente, 88 times divididos em 22 grupos de 4. Os 22 vencedores de cada grupo e os 10 segundos colocados de melhor índice técnico, passaram para as oitavas de final e, desses 32, em encontros “mata-mata”, sobraram 16 – os 16 melhores.
Foi ai que eu comecei a prestar atenção nos jogos e descobri que além de não ver nenhum jogador reluzir a ponto de se admitir sua exportação, há uma falta de imaginação absoluta nos nomes dos meninos. Não há um time que não tenha jogador chamado Thiago, Diego, Diogo ou Bruno. Thiago com H, Tiago simples, Thyago ridículo, Tyaggo absurdo, mas parece ser obrigatório haver um Tiago. Mas, ao mesmo tempo, desapareceram os apelidos, marca antiga do nosso futebol, tempo de Pelé, Escurinho, Bigode, Lelé, Biguá, Fio, Michila, Canhoteiro... Lembrei, então, de um número que apresentei no meu primeiro ou segundo show, onde eu falava dos apelidos brasileiros e da uma famosa linha média do Ferroviário, no Ceará: Redondo, Peru e Cacetão. Esta linha média hoje, deve ser: Tiago Paulista, Diego Carioca e Bruno Gaucho. A antiga era feia, mas muito mais interessante, principalmente quando o comentarista fazia suas observações:
- O Ferroviário está jogando errado, colocando Redondo avançado e recuando Peru. Até as crianças sabem que o lugar de Redondo é atrás; Peru é que é na frente. Redondo tem que abrir para Cacetão penetrar, senão não vai sair um gol.
Redondo, Peru e Cacetão. Simplesmente inesquecível. Hoje, se o juiz expulsar um Thiago qualquer ou qualquer Diego, não acontece nada, mas naquele tempo do Ferroviátio era maravilhoso quando havia uma expulsão. O repórter comunicava ao locutor que transmitia o jogo:
- Alô, Fulano. O juiz acabou de botar o Cacetão pra fora.

Chico Anysio