sábado, 25 de setembro de 2010

Suicídio; um drama cosmogenético


Nosso drama cosmogenético começa com o suicídio.

As primeiras raças que povoaram a Terra possuíam um corpo físico constituído de matéria sutil, quase transparente. A humanidade mantinha visão e vivência da vida eterna, a massa de substância fina que revestia seu espírito, não tolhia o contato consciente com a pátria divina.

Ainda assim, algumas criaturas se rebelaram com o leve fardo que carregavam. Não perceberam que, se por um lado o invólucro carnal lhes tirava uma nesga do paraíso, a recompensa vinha através da experimentação de novas formas de vida, pois, "a casa de meu Pai possui muitas moradas". Recusaram-se a seguir o novo plano da criação. Uma vez encarnados, desligavam o liame que prendia seu espírito à matéria. Esse suicídio original, obrigou os excelsos Senhores do Karma a tomar uma atitude que mudaria nossa história.

O portal da percepção foi lacrado, e o convívio consciente com a vida eterna, perdido. Acabou a mamata, e o medo de morrer passou a fazer parte do nosso cotidiano.

Portanto, a morte é uma medida provisória que será revogada quando os seres humanos tomarem juízo, e reciclarem a vida-consciência. Sabemos da existência de homens que vestem coletes recheados de explosivos. Acreditam, de uma certa maneira, na eternidade, mas transformam essa crença numa arma assassina, contra si e contra todos. Nem é bom pensar o que explodiriam, se fossem dotados daquela certeza da imortalidade, presente nas primeiras raças.

Assim caminha a humanidade, sem saber como utilizar para o bem de todos, e felicidade geral das nações, os tesouros que recebe do Eterno na face da Terra.

Luiz Castello ( o centésimo post)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Calaram-se, as vuvuzelas.


Tão logo a pátria derrotada descalçou as chuteiras, a gigantesca bandeira que ostentava emblemática frase “Todos torcendo pelo Brasil”, foi retirada do condomínio, na rua 24 de maio.

A brisa suburbana do Meier, não beija nem balança mais o auriverde pendão de minha terra. Meu vizinho, no próximo quadriênio irá cumprimentar-me no elevador, de modo retraído e burocrático. Quem sabe, minha vizinha boazuda, em 2014 sentará de novo ao meu lado no boteco, pra discutir táticas e escalações...

O hino nacional, a confraternização nas calçadas, areias, arenas, praças e rincões, são ecos metálicos, longínquos. O trem desaparece dentro da noite.

Calaram-se, as vuvuzelas.

Durma-se com um silêncio desses!

(Luiz Castello)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O fim do mundo - Segundo vovó Nina

Minha avó quando vinha de Juiz de Fora,
costumava, do quintal da minha casa,
apontar pro morro lá longe e dizer,
com um tom de voz, profundo:
- Lá, é o fim do mundo.

Eu menino, acreditava no que ela contava
pra mim
Via na muralha de rochas maciças
verde-azuladas, o fim,
e sentia uma nostalgia,
dessa fronteira que desconhecia.

Era longe, muito longe, onde o mundo acabava.

Cresci e descobri que o fim do mundo tinha nome;
“Serra de Jacarepaguá”.
Eu e minha vovó Nina
agora sabemos que a vida vai além da serra,
para a terra onde ela foi morar.

Deixou seu olhar fecundo
no quintal da minha casa
Do lado de cá,
do fim do mundo.


(Luiz Castello)