terça-feira, 25 de maio de 2010

O dia em que o poeta passou por mim


Nos idos dos anos 80, apaixonei-me perdidamente, e como não existe amor sem sofrimento, vivi meus maiores infortúnios na vida, em razão dessa paixão sem razão, sem saída, sem solução.
Amei sem ser amado, virei bate-bola, chorei, enchi a cara, blasfemei, e dei a volta ao mundo, à pé.
Sim, eu andava, andava, andava. À qualquer hora do dia ou da noite eu saía, andava, e tocava no meu coração a canção - que ela não ouvia.
Como doía !

Foi numa dessas melancólicas andanças, que aconteceu.
No final do posto seis em Copacabana, existiam ruazinhas interioranas, com algazarra de pardais na copa das amendoeiras.
De repente aparece na minha frente, aquele que era considerado então, o maior poeta vivo da língua portuguesa, Carlos Drummond de Andrade.

Meu Deus, que presente melhor poderia receber alguém, no estado existencial miserável em que me encontrava ?
Poderia desafogar meu desespero de amor, contar tudo desde o principio, ver seu vasto coração acolher a tempestade, com a grandeza de oceanos que mantêm firme, a linha onde quebram suas ondas.
Quem sabe ele me exortaria :

"Luiz*
, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será".
(*no original é Carlos )

Tudo isso rolou pela calçada onde nos deparamos, em fração de segundos, talvez.
O poeta veio, passou pertinho de mim, e foi se afastando. Permaneci no meu silêncio, sei lá, minha pasmaceira ou, o pouco de tirocínio que restava nos meus neurônios, achou por bem deixar o incomparável mestre da poesia seguir seu caminho, sem ser interrompido.
E a tarde se fez noite.

Juro que ele ao passar por mim, olhou nos meus olhos e leu minha alma. Por isso eu me reconheço nas suas palavras. Seus poemas escritos antes e depois desse encontro, são as minhas reencarnações literárias.

A amada desalmada, hoje em dia, é apenas um quadro na parede das recordações.
E parou de doer.

Luiz Castello.

sábado, 15 de maio de 2010

Modernos Amantes


Nada me comove mais do que histórias de amor mal sucedidas. Fico entristecido, ao ver lindos contos de fada desabarem igual torres gêmeas.

O que teria se passado nesses minguados 9 meses de amor eterno entre o craque da bola Alexandre Pato e a atriz Sthefany Brito?

Seguindo o modelo Freudianoo sexo está na base de tudo – poderia especular em torno de um possível desacerto na hora do “FlaFlu”, todavia acho improvável. Tiveram tempo pra conferir, e ficou perdida pra sempre nas brumas de Avalon, aquela agonia da mocinha se entregar só na noite de núpcias.

Como na canção de Chico Buarque, o que encontrarão os escafandristas, quando explorarem o quarto desses modernos amantes ?

Os sábios do futuro serão capazes de decifrar seus e-mails, torpedos, caras- reportagens, e juras novelístico-televisivas ?

Luiz Castello.