O alargamento da Avenida Central, atual Rio Branco, a derrubada do Morro do Castelo, a explosão demográfica da favela da Catacumba, na Lagoa, são alguns indicativos do inchaço da cidade do Rio de Janeiro, que recebe um empurrão na década de 30 com a política de industrialização feérica promovida por Getúlio Vargas com seu Estado Novo.
Noel atua nesta época, e o encontro do morro com o asfalto se dá no perímetro urbano, e por tabela, na música popular.
Subiu o morro, empurrado pela cidade que inflava. Seu talento o fez porta-voz dessa simbiose. Seguiu sua maravilhosa intuição, sem maiores questionamentos, daí, a presença da moral estreita em algumas de suas criações.
O fruto maduro desta transformação seria colhido na década de 60 - quando ele não se encontrava mais entre nós -, com a criação dos CPCs, onde a estética da classe média e a cultura popular se juntam pela primeira vez, de forma organizada, consciente, ins-pirada.
Surgem o Cinema Novo, o Grupo Opinião, a Bossa-Nova, que resgataria sua obra, e uma safra extraordinária de artistas na seara musical.
Noel viveu outro momento marcante, quando a indústria fonográfica firma-se como principal suporte físico da canção popular. Compõe obras-primas dentro desta nova formatação musical e contribui para sua consolidação, afinal, "tudo aquilo que o malandro pronuncia/ Com voz macia, é brasileiro/ Já passou de português".
Por seu talento excepcional, por essas vivências transformadoras da vida urbana, é que sua obra permanece atual, revisitada constantemente por artistas do quilate de um João Gilberto, e será eterna enquanto durar o que conhecemos como Música Popular Brasileira.
Luiz Castello.
Noel Rosa nasceu no dia 11/12/1910
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
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